FunBEA realiza segundo encontro das Comunidades de Aprendizagem para trabalhar o Desenvolvimento Institucional  e fortalecer a rede entre  apoiados da Chamada pela Justiça e Educação Climática

No último dia 16 de outubro, aconteceu o segundo encontro presencial das Comunidades de Aprendizagem com os coletivos, movimentos e lideranças apoiados pela Chamada Pública FunBEA 2024 pela Educação e Justiça Climática. O encontro aconteceu no território do Quilombo Caçandoca, em Ubatuba e fez parte da programação do apoio indireto (formador) oferecido pela Chamada, que tem a finalidade de contribuir com o Desenvolvimento Institucional (DI) dos movimentos e lideranças, além de fortalecer a rede local de atuação socioambiental. 

 

Estiveram presentes representantes dos movimentos e coletivos, além das lideranças comunitárias que estão recebendo o apoio em 2024.  Durante a manhã, foram desenvolvidos alguns conceitos de DI e os presentes foram convidados a escrever num painel coletivo qual seria a missão de suas organizações. O rio pintado ao centro do tecido de algodão cru simbolizou a união das lutas e desafios territoriais enfrentados pelos movimentos no território do Litoral Norte. “Essa dinâmica foi realizada para trabalhar a Dimensão Reflexiva do Desenvolvimento Institucional, convidando as organizações  a pensarem sobre sua história, identidade e missão. (…) Esse grande rio possui muitos afluentes e nascentes, cada uma representando um coletivo que, através de suas missões, se encontram  e se unem em águas comuns,  criando uma rede de saberes, desejos, experiências e trajetórias de luta”, explica Bianca Almeida, Articuladora Territorial do FunBEA e uma das mentoras das Comunidades de Aprendizagem. Ao final da dinâmica, o rio foi nomeado coletivamente de “Yyakã Pamé Warã”, que em tupi-guarani, significa: “rio para todos”. 

Algumas das missões compartilhadas durante a manhã foram:

Coletivo Movimenta Ilha: “Rede articulada da sociedade civil que luta por fortalecer a participação da sociedade civil de ilhabela nas dimensões culturais, ambientais, sociais e educacionais” 

Associação Caiçara Juqueriquere (ACAJU):  “Resgate da cultura caiçara e preservação de manguezais”

Coletivo Educador Floresta e Mar: “Mobilizar o movimento socioambiental do litoral norte através da educomunicação e articulação popular jovem, buscando a justiça ambiental focada nos grupos menos favorecidos, colaborando para o reconhecimento territorial”

Um momento importante do encontro foi o almoço coletivo oferecido aos participantes. Além de ser um espaço descontraído de construção de laços entre os diferentes apoiados, o preparo da refeição movimentou e fortaleceu uma parte importante da comunidade quilombola: as mulheres. “Isso me dá uma alegria muito grande, pela movimentação delas e pelo FunBEA, junto com os recursos financeiros, movimentar essas matriarcas familiares. Isso é um modelo de geração de renda também dentro desse encontro”, conta Diego Ferreira de Sá, membro do Quilombo Caçandoca. Já na segunda parte do dia,  foram discutidas questões como saúde mental e autocuidado dentro dos movimentos. 

Mulheres do Quilombo Caçandoca, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo

Assim, além da discussão de conceitos técnicos, nesses encontros também são promovidos laços e afetos entre os apoiados, criando uma rede fortalecida de ativistas territoriais. “Eu fiquei maravilhado com a possibilidade de troca entre todos os coletivos e em saber que a dificuldade que vivemos, é a dificuldade do próximo. E que as lutas conquistadas aqui, as vitórias, são vistas como esperança e anseio para os próximos”, conta Diego.

O que são as Comunidades de Aprendizagem (CA) FunBEA

As Comunidades de Aprendizagem são um modelo educativo comunitário que tem como principal objetivo dialogar sobre temas e conceitos importantes sobre o território/comunidade no qual as campanhas estão inseridas. Foi escolhido dar um maior foco em Desenvolvimento Institucional (DI) dos movimentos e coletivos dentro das Comunidades, porque o FunBEA acredita na importância dos apoiados terem o seu planejamento e gestão realizados com potência e qualidade, o que garante autonomia aos apoiados a médio e longo prazo. 

Segundo Isabela Kojin Peres, Coordenadora de Programas do FunBEA e mentora das Comunidades de Aprendizagem, os coletivos, movimentos e organizações socioambientais, em especial os de base, estão à frente de lutas cotidianas e, por isso, acabam ficando muito focados nas suas ações e projetos e acabam não tendo tempo, recurso e ferramentas para se planejarem, organizarem e pensarem no que precisam. “O FunBEA, através do apoio direto e indireto, está possibilitando uma oportunidade para que eles façam  isso, trocando entre seus pares territoriais”, explica. 

É importante ressaltar que dentro das CA’s não se trata de buscar melhores resultados, numa lógica meritocrática ou capitalista, mas sim de cuidar dos princípios e valores internos, visando a partir daí a melhoria da gestão de processos e de pessoas. “O DI pode ser entendido como um processo de reflexão e análise do coletivo, movimento ou organização sobre si mesmo, suas circunstâncias e seus desafios e o que pode ser feito para se aprimorar e atuar com mais potência e qualidade. Ele é importante (…) pois orienta ações intencionais de mudança naquilo que precisa ser ajustado ou qualificado, mas reconhecendo o que já se faz bem e o que dá certo”, completa Isabela.