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Nossos Programas

Clima

As mudanças climáticas estão ocorrendo cada vez mais rápidas e intensas, provocando inúmeros impactos ao redor do planeta que afetam, em maior ou menor medida, a humanos e demais seres vivos.

No entanto, as comunidades que já se encontram em situação de vulnerabilidade socioambiental são as mais atingidas e prejudicadas por este novo regime climático que vem se estabelecendo.

O FunBEA acredita no fortalecimento da resiliência das organizações da sociedade civil, dos movimentos e coletivos socioambientais, em conjunto com as comunidades com as quais atuam, como uma prática social, política e coletiva de prevenção e de adaptação, para enfrentar não apenas os impactos, como também as causas estruturantes da emergência climática, somando com o lema “Precisamos mudar o sistema, não o clima” clamado por jovens ativistas climáticas do mundo todo.

NÚMEROS DO PROGRAMA

Destaques do biênio 2022/ 2023: 

Municípios Apoiados
0
DESTINADO
+R$ 50 MIL
Apoio direto: R$83.830,50
Apoio indiretos: R$111.291,78
sendo exclusivamente
Apoio Direto Territorial
COLETIVOS
0
Coletivos, movimentos e organizações socioambientais apoiados
PESSOAS
+ 0 MIL
Público direto apoiado: 1.310
Público indireto apoiado: 48.890
TERRITÓRIOS
litoral de São Paulo, Mato Grosso e incidência nacional e internacional com as Diretrizes de Educação Ambiental Climática

Iniciativas

Nesta agenda tão importante que são as mudanças climáticas, o FunBEA desde 2022 tem promovido campanhas territoriais para fortalecer comunidades, através do apoio a coletivos e movimentos socioambientais. 

Sendo o Litoral Norte de São Paulo um território onde o fundo já vem atuando desde 2019, e tendo em vista que também foi atingido por um grande evento climático em 2023, o FunBEA vem promovendo a realização de círculos territoriais e campanhas para recursos diretos e indiretos, que possam fortalecer o processo de restauração, reparação e regeneração do local.

Lideranças comunitárias do Litoral Norte no evento promovido pelo FunBEA, “Seminário Clima, Reparação Socioambiental e Filantropia Comunitária no Litoral Norte de SP”, setembro de 2023.

Parceiros

Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado severas consequências decorrentes das mudanças climáticas, um fenômeno global que afeta diretamente o país. O aumento das temperaturas, o desmatamento acelerado e os eventos climáticos extremos têm gerado impactos devastadores em diversos setores da economia e na qualidade de vida da população. Especialistas alertam que, se não forem tomadas medidas urgentes, essa situação tende a se agravar ainda mais no futuro. Diante desse cenário preocupante, a educação ambiental emerge como uma poderosa ferramenta de combate às mudanças climáticas. 


Entretanto, não existem diretrizes claras para as ações educadoras para enfrentamento às emergências climáticas. Então o FunBEA em parceria com Instituto do Clima e Sociedade (ICS) e com o apoio do Programa Cemaden Educação (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais – Cemaden/MCTI),  coordenou uma pesquisa para entender o que existe hoje no Brasil, sobre iniciativas para enfrentamento das emergências climáticas.

O estado da arte da educação ambiental para o enfrentamento da crise climática no Brasil hoje:

A Conselheira do FunBEA, Mahryan Sampaio entrega para Ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, as diretrizes durante a COP 28, em Dubai, em 2023.

A partir dessa pesquisa inicial, foram desenvolvidas as diretrizes para ação, que ficam abertas para consulta pública de  toda a sociedade civil organizada.

Para saber mais, acesse o link.

Evento de Lançamento das Diretrizes

As diretrizes foram lançadas em um evento online e gratuito que reuniu instituições, movimentos socias, Ministérios e Fundos. Assita.

Parceiros

Em parceria com a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), o FunBEA realizou um apoio indireto através de uma assessoria técnica e pedagógica para a Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Mato Grosso, no âmbito do Programa REM Mato Grosso (REDD+ For Early Movers). 

Ele teve como resultado a elaboração da Trilha Pedagógica para Formação em Salvaguardas Socioambientais de REDD+ para gestores públicos que irá beneficiar trabalhadores rurais, agricultores familiares, comunidades tradicionais (que incluem retireiros do Araguaia, pantaneiros, morroquianos, extrativistas e seringueiros, ribeirinhos e pescadores artesanais, povos de Terreiro, Raizeiras e ciganos), além de povos indígenas do estado. 

Espera-se, com isso, trabalhar o tema de forma mais pedagógica e democrática com as comunidades, contribuindo para que sejam diretamente envolvidas na construção das diretrizes de ações em prol da redução do desmatamento e da degradação ambiental. Ampliando seu protagonismo, essas ações podem colaborar ainda para que essas comunidades atuem na conservação e na restauração dos ecossistemas do Estado do Mato Grosso, que tem sido bastante degradado em função do agronegócio e da especulação da terra no Brasil. 

Segundo dados do Diagnóstico de Povos e Comunidades Tradicionais em Mato Grosso (2021), as salvaguardas poderão beneficiar no Estado do Mato Grosso 45 etnias localizadas em 78 terras indígenas, totalizando cerca de 45.065 pessoas indígenas, mais de 78 comunidades quilombolas reconhecidas, cerca de 110  famílias retireiros(as) reconhecidos até agora, mais de 120 comunidades pantaneiras, 70 comunidades morroquianas, extrativistas e seringueiros presentes em 36 municípios, 1.192 famílias de pescadores artesanais e 240 famílias ribeirinhas, 549 assentamentos rurais pelo INCRA com 82.424 famílias assentadas e 122 assentamentos pelo Instituto de Terras de Mato Grosso.

Salvaguardas de REDD+:

As salvaguardas foram estabelecidas na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima para garantir que as iniciativas de REDD+ antecipem riscos e estabeleçam medidas para prever, minimizar, mitigar ou compensar impactos adversos nas comunidades. Visa também abordar, de forma qualificada, questões relativas à participação social, à preservação dos ecossistemas naturais e aos direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais, tornando este esse mecanismo mais democrático.

Trilha Pedagógica:

A Trilha Pedagógica é um plano de ensino participativo com ferramentas metodológicas do Método Oca, que prioriza conceitos como diálogo, identidade, comunidade e felicidade na formação, alinhado com políticas públicas de Educação Ambiental.


Foco do projeto:

Agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais quilombolas e indígenas envolvidos no Sistema Estadual de REDD e no programa REM/MT.


Atividades:

Utilizando o Método Oca e outras ferramentas, o projeto incluirá atividades participativas com constantes interações e diálogos sobre REDD+ e suas salvaguardas. Ocorreram reuniões periódicas, coleta e sistematização de dados, e desenvolvimento de material pedagógico sobre as salvaguardas de REDD+.

Acesse a trilha pedagógica
desenvolvida para a ação:

Parceiros

ODSs relacionadas ao Programa

Vale do Ribeira 2021/2022/2023

O Vale do Ribeira é uma região que se destaca pela preservação de suas florestas e por grande diversidade ecológica. Seus mais 2,1 milhões de hectares de florestas equivalem a aproximadamente 21% dos remanescentes de Mata Atlântica existentes no Brasil, sendo a maior área contínua de um ecossistema quase extinto.

Nesta região fantástica, chamada de “Amazônia Paulista” pela grande confluência de seus mananciais e rios, existe uma necessidade cada vez mais urgente de cuidado e conservação.


Por isso, o “Cuidadores das Águas- Vale do Ribeira”, é um projeto vital para formação de lideranças comunitárias locais para a gestão participativa dentro do comitê de bacia hidrográfica local. 


Em 2021 o FunBEA ofereceu um apoio formador em que 20 pessoas de 10 Instituições participaram da formação ao longo de 6 meses. Ao final, foram realizados minidocs pelos alunos contando suas histórias e de seus territórios. 


No módulo 2022 e 2023, o projeto trabalhou com encontros híbridos em toda a bacia, reunindo diferentes atores sociais para formação em educação ambiental crítica e popular, além de projetos de intervenções  educativas em cada região da bacia.

Amovila (Associação de moradores da Vila Sahy - São Sebastião)

Território Vila Sahy - São Sebastião/ SP, atingido por deslizamentos em fevereiro de 2023. Foto Ed Davies

Uma associação é um grupo de pessoas que moram e vivem em um mesmo local e que se reúnem para buscar soluções e melhorias para o bem-estar e fortalecimento da comunidade. 

Com 60 membros associados e liderados por uma mulher preta e nordestina, a AMOVILA tem atuado, há mais de 20 anos, na luta por direitos de uma comunidade com 3.200 habitantes, além de realizar ações de melhoria do bem estar e da qualidade de vida. Foi ela quem conseguiu a implantação de um sistema de tratamento de esgoto comunitário na comunidade. 

Uma associação organizada e bem estruturada é capaz de pressionar e dialogar com o Poder Público e entidades privadas com muito mais força.

Movimento União dos Atingidos (bairros atingidos de São Sebastião)

Coletivo União dos Atingidos na Missão Denúncia, 2023. Foto União dos Atingidos

Formado por um grupo de moradores no dia 19 de fevereiro de 2023, logo após o desastre que assolou toda a costa sul de São Sebastião. Desde então, tem atuado com o pelo direito direito à moradia; promovendo missões de denúncias junto ao Ministério Público Estadual; e por comunicação popular, além de buscar empoderar moradores em busca de justiça socioambiental e climática.

Atualmente, têm feito mobilizações e formações ligadas à Gestão de Riscos, Regularização Fundiária e Saúde Mental.

Coletivo Caiçara

Membros Coletivo Caiçara. Foto Coletivo Caiçara.

Movimento social que atua pela defesa de direitos humanos e direitos dos povos e comunidades tradicionais no Litoral Norte de São Paulo. Promove envolvimento e articulação territorial, baseada nos valores da justiça socioambiental, da cooperação, do coletivismo e da convivência ecologicamente equilibrada com os ecossistemas litorâneos.

O Coletivo atua com 51 famílias, cerca de 250 pessoas, em Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela. 

Com o recurso realizaram a formação “Território, luta e classe” e colocaram placas de autodemarcação nas comunidades tradicionais, processo importante para a retomada legal do território.

Aula inagural formação "Território, luta e classe" em São Sebastião. Foto de Raquel Horthfleet

Coletivo Educador de Bertioga

Membros Coletivo Educador Bertioga
Membros Coletivo Educador Bertioga

Um coletivo educador é formado por pessoas e instituições que, juntas, se formam entre si e promovem processos de aprendizagem e ações coletivas e concretas de forma coordenada e articulada com as políticas públicas, para a transformação socioambiental do seu território. 

Com o apoio recebido, o Coletivo Educador de Bertioga decidiu, por sua vez, apoiar quatro outros grupos que o integram, descentralizando e enraizando ainda mais os recursos.

  • Associação Vila da Mata do Núcleo de Ocupação Humana do Parque Estadual Restinga de Bertioga (PERB), no qual vivem cerca de 500 pessoas;
  • Associação Bertioguense de Ecoturismo de Monitores Ambientais (ABECO) e a Associação de Monitores locais de Bertioga (AMOLB), com cerca de 70 pessoas que atuam junto às unidades de conservação da região;
  • Aldeia do Rio Silveiras (Bertioga e São Sebastião), no Núcleo Rio Pequeno, coordenado pelo pajé Sérgio Kara e com 480 habitantes.

O município de Bertioga tem uma grande relevância ambiental. Mais de 70% do município está em área protegida sendo o seu território coberto por manguezais e também por restingas.

Coletivo Cultural Escambau

Constituído por quatro unidades de trabalho, é um espaço cultural coletivo, sustentável e autônomo que tem por objetivo promover atividades que permitam, por meio da arte, da cultura e da sustentabilidade, tocar, integrar e transformar a vida das pessoas. Produz, promove e acolhe ações culturais, artísticas, sociais, políticas e ambientais que integram a comunidade. 

Com o apoio fizeram a manutenção do espaço, que é um ponto de encontro importante para a região da Costa Sul de São Sebastião, onde  residem cerca de 30 mil pessoas e pouquíssimos espaços de arte e cultura. Além disso, com o apoio, o coletivo realizou  uma importante mostra de arte e emergência climática: “Alarme, Fluidez, Sonho” entre os meses de maio e junho de 2023. Durante o período de apoio, receberam cerca de 1000 pessoas e mobilizaram outros 10 parceiros.

Mostra emergência Climática

Quanto Vale o LN de São Paulo? (2022)​

Desde 2017, o FunBEA atua no Litoral Norte de SP, apoiando de modo direto e indireto as lideranças comunitárias, os coletivos e movimentos socioambientais e as organizações públicas ali presentes. Com o desejo de fortalecer quem atua no território, localizado numa faixa de Mata Atlântica que é rica em nascentes, rios e biodiversidade, o FunBEA deu início a uma campanha pela sua valorização, chamada Quanto Vale? 

A ideia era formar um círculo de doadores e contemplar com os recursos arrecadados três coletivos locais, que já estavam articulados com o FunBEA e que já possuíssem uma atuação bastante relevante para a preservação do meio ambiente e da cultura local.

Apoio

Além de doações de pessoas físicas, o FunBEA mobilizou recursos para essa campanha via Rede Comuá e a organização internacional, Global Fund for Community Foundation (GFCF). Cada movimento recebeu apoio indireto com mentorias para o seu desenvolvimento institucional e governança. E o valor direto de R$ 20 mil reais, para investir em seus próprios projetos, de acordo com suas necessidades e desejos, como traz a filantropia comunitária.

Como parte do apoio formador e financeiro, foi constituída ao longo de 12 meses, uma Comunidade de Aprendizagem e realizados 11 encontros formativos com os coletivos. Além de promover o acompanhamento das ações, esses momentos também serviram para aproximar os movimentos, promovendo a troca entre eles. 

O processo, portanto, foi pautado por decisões tomadas de forma colaborativa, respeitando a autonomia de cada um e com resultados transformadores para seus territórios.

Pesquisa

Dentro da Campanha Quanto Vale (2022), foi desenvolvida a pesquisa “Filantropia Comunitária e Educação Ambiental: análise do tema “Quanto vale?” (2022) no Litoral Norte de São Paulo” como produção de conhecimento.

Quanto Vale: Pela reparação, restauração e regeneração do LN de SP? (2023)

No dia 19 de fevereiro de 2023, caiu mais de 600 mm de chuva em 24 horas. O maior volume registrado na história do país, causando deslizamentos de encostas, enchentes, deixando 65 mortos, mais de 2 mil desabrigados e atingindo severamente a fauna, flora, rios e mares na região. As feridas na floresta são visíveis até hoje, passado mais de um ano da forte chuva, os rios ainda estão assoreados e o mar, contaminado. 

Mediante tal calamidade, o FunBEA que já tinha atuação com os movimentos e coletivos no território, viu a necessidade e a importância de renovar a campanha iniciada em 2022, e pensar para além das questões emergenciais que se faziam necessárias naquele momento.

A ideia era formar um círculo de doadores e contemplar com os recursos arrecadados três coletivos locais, que já estavam articulados com o FunBEA e que já possuíssem uma atuação bastante relevante para a preservação do meio ambiente e da cultura local.

Círculo Territorial Pela Reparação do LN

Para seguir atuando em um território vulnerável e fragilizado por uma tragédia,  foi fundamental que uma comissão de atores locais estivesse conectada para pensar as demandas sob a perspectiva da resiliência e da regeneração territorial.

O FunBEA então promoveu o Círculo Territorial pela Reparação do LN. Esse comitê foi constituído por cerca de 30 integrantes de organizações, sendo eles: membros da ERRD- LN – Rede de Educação para Redução de Riscos de Desastres do Litoral Norte de São Paulo, constituído por 22 instituições e que já estava trabalhando com os desastres socionaturais na região; Instituto Conservação Costeira – ICC; Comitê União dos Atingidos; Fundação Florestal e Instituto PROCOMUM e lideranças comunitárias. 

Através do Círculo, foi promovido um mapeamento de iniciativas locais que atuavam com temas relacionados à resiliência climática e justiça socioambiental. Também foi construído  um um plano de ação para atuar com comunicação comunitária, formações para comunidades e mobilização de recursos para apoios às iniciativas.

Foram identificadas 38 iniciativas regionais e 35 coletivos com caráter educativo, cultural, de comunicação e educomunicação, economia solidária e economia circular, saúde ambiental, restauração ecológica e fortalecimento institucional. 

A grande parte delas apontou a falta de recurso financeiro e a falta de apoio institucional como principais desafios, junto com a dificuldade para estabelecer parcerias e a sobrecarga de trabalho. 

Poder para as comunidades!​

Em dezembro de 2023, com os frutos da captação pela Campanha, foi priorizado o apoio a dois movimentos atuantes no território mais atingido pela tragédia: a Costa Sul, em especial a Vila Sahy, em São Sebastião, onde estima-se que vivam cerca de 800 famílias. Do valor total, R$50 mil foram destinados ao repasse financeiro direto, além do apoio indireto, via formação estratégica para o desenvolvimento institucional, governança, incidência, liderança comunitária e monitoramento, com a finalidade de fortalecer as ações de restauração e regeneração no território. Dando continuidade ao relacionamento, um dos principais apoiadores foi a organização internacional, Global Fund Community Foundations (GFCG), promotora em 2023 do movimento “Shift The Power”.

A luta continua!

Diante de um cenário de emergência, a cidade se organizou. Movimentos que já existiam se fortaleceram e outros chegaram para somar. Juntos, esses coletivos territoriais promovem a articulação dos moradores e mobilizam a luta pelo direito básico da moradia digna. 

Para o FunBEA, incentivar e fortalecer as organizações de base que atuam diretamente nos territórios, especialmente em contextos de vulnerabilidade, é uma peça fundamental do quebra-cabeça pela justiça social e climática.

Assim como na Campanha passada, os apoiados receberam apoio formador e financeiro através de

  • uma Comunidade de aprendizagem com representantes dos coletivos apoiados, da qual os encontros abordam temas como: mudanças climáticas, gestão de projetos, desenvolvimento institucional, mobilização de recursos e fortalecimento territorial; 
  • mentoria individualizada com foco no desenvolvimento institucional e comunitário; 
  • repasse financeiro visando o fortalecimento das organizações, a partir da identificação das suas demandas.

A experiência da FunBEA com a campanha “Quanto vale?” (2022)

A experiência da FunBEA com planejamento e estruturação do programa “Quanto vale?” (2022) destaca o desafio de mobilizar e doar recursos financeiros no Brasil, principalmente para apoiar causas socioambientais. Os potenciais doadores tendem a fazer doações com mais facilidade em contextos de emergência e de assistência social.

Estratégias de relacionamento com grupos apoiados no programa “Quanto vale?” campanha promoveu autonomia no uso de recursos e melhorias internas (área de comunicação; maturidade, visibilidade e chamando a atenção para a busca contínua por outras modalidades de financiamento). Além de fortalecer a identidade dos coletivos, respeitando as características de cada um.

No relacionamento da FunBEA com os coletivos apoiados pelo programa “Quanto vale?” campanha havia valores que são comuns na Filantropia Comunitária e na Educação Ambiental como: Confiança; Reciprocidade; Responsabilidade; Solidariedade; Transparência.

O envolvimento da FunBEA na Comunidade de Aprendizagem com outros dois fundos que fazem parte da Rede Comuá, nomeadamente o ICOM e o Tabôa, possibilitou a troca de experiências entre pares, reflexões coletivas sobre experiências no campo, reflexões coletivas sobre experiências no campo da filantropia comunitária e o fortalecimento do vínculo entre fundos que atuam em favor da justiça socioambiental e da defesa de direitos.

Ficou evidente que a estratégia de construção de uma Comunidade de Aprendizagem é poderosa no enfrentamento dos diversos desafios, e que pode trazer consequências para relacionamentos mais duradouros, como uma Aliança entre fundos. Isso aconteceu de fato no período pós-campanha, em que FunBEA, ICOM, Tabôa e outros fundos que fazem parte da Rede Comuá, se uniram para formar a Aliança Territorial.

A experiência da FunBEA com o “Quanto vale?” A campanha, na perspectiva dos doadores, não abordou um círculo de doações nos conceitos teóricos internacionais. Porém, do ponto de vista das doações, sim, porque se consolidou como uma campanha de doações e uma das maiores contribuições do FunBEA para o campo da filantropia comunitária foi o relacionamento estabelecido com os coletivos ao conseguir reconhecer e apoiar grupos não formalizados/ coletivos que lutam por justiça socioambiental no Litoral Norte de São Paulo e reforçam a importância de democratizar o acesso aos recursos.

Resultados da Campanha no fortalecimento dos coletivos no território:


Para o Coletivo Caiçara, as maiores transformações foram possibilitar formação política a integrantes e parceiros do Coletivo Caiçara e ampliar sua política fundiária de autorreconhecimento e autodemarcação do Território Caiçara.


Para o Escambau os resultados positivos foram no sentido de ampliar e fortalecer o coletivo; Fortalecimento e entrega das economias locais e criativas por meio de parceria com produtores locais, pousadas e artistas; Realização da programação integrada da mostra: as rodas de conversa e os escritórios contaram com uma ampla rede de parcerias que entenderam a urgência e a oportunidade de promoção sobre a emergência climática.


“A campanha depositar na gente uma confiança de que a gente é capaz de se comprometer com algo e executar algo que a gente se comprometeu, essa confiança foi a nossa palavra de honra ali, confiaram na gente para fazer isso, e na mão dupla, a mesma coisa, confiamos no FunBEA. Não teria como acontecer se não tivesse tido confiança, isso é uma diferença de outras formas de financiamento.” – Leila do Escambau Cultura.

Captação de recursos


Em relação à captação de recursos, nos EUA, cerca de metade dos círculos de doação recebem financiamento externo, tais como, de doadoras(es) indivíduos que não são membros do grupo, fundações ou corporações, organizações anfitriãs e outras fontes, incluindo empresas locais e doações memoriais (BEARMAN et al., 2016).


Objeto de estudo: identificar estratégias que podem contribuir com o crescimento do campo dos Giving Circles no Brasil.

Produção de conhecimento Campanha Quanto Vale? (2022)

A pesquisa “Filantropia Comunitária e Educação Ambiental: análise do tema “Quanto vale?” (2022) no Litoral Norte de São Paulo” fez parte do Programa Rede Conhecimento do Comuá.

A Rede Comuá é um espaço, no Brasil, que reúne fundos temáticos, comunitários e fundações comunitárias, organizações doadoras (donatários) independentes, que mobilizam recursos de diversas fontes para apoiar grupos, coletivos, movimentos e organizações da sociedade civil que atuam nos campos de justiça socioambiental, direitos humanos e desenvolvimento comunitário.

O Programa Conhecimento em Rede do Comuá incentiva a produção de conhecimento que sistematize práticas de filantropia comunitária e de justiça socioambiental, demonstrando seu poder de promover a transformação social.

A pesquisa relacionada ao FunBEA foi realizada pela pesquisadora Larissa Ferreira, sob coordenação do FunBEA, e teve como principais objetivos:

  • Investigar e sistematizar as estratégias que foram adotadas pela FunBEA ao longo do planejamento e estruturação do programa “Quanto vale?” campanha.
  • Investigar experiências internacionais e nacionais sobre círculos de doação.

 

Principais resultados da pesquisa:

Experiências de círculos de doações internacionais

A maioria dos estudos/materiais sobre círculos de doação vem de experiências norte-americanas e de países asiáticos e europeus. Dos vinte e seis materiais analisados, apenas um abordou a experiência de um país latino-americano, neste caso, o Brasil.


O tema dos círculos de doação carece de estudos em outros idiomas além do inglês e dos círculos de doação que não fazem parte de redes globais.


Experiências internacionais de rodas de doação indicam que quem recebe recursos são organizações e instituições formalizadas, sem menção ao apoio a grupos não formalizados, como coletivos, associações e movimentos sociais.


Em geral, os materiais analisados ​​sobre as experiências internacionais de círculos de doação centram-se na perspectiva dos doadores e nas características e modelos de funcionamento dos círculos de doação. As discussões não parecem colocar em foco o quanto as ações desses círculos estão comprometidas com a justiça socioambiental e a garantia de direitos.


Embora timidamente, as conclusões apontam para como os círculos de doações podem contribuir para democratizar a filantropia e rejeitar o poder da filantropia tradicional.

Experiências brasileiras de círculos de doação

Não existe um conceito único para definir o que são rodas de doação no Brasil, as experiências são recentes e estão em fase de experimentação.


Ao contrário das experiências internacionais em que, na sua maioria, os doadores se reúnem para apoiar uma causa, os círculos de doações são promovidos por uma organização.


As organizações que têm o papel de estruturar e liderar círculos de doação percebem que suas ações precisam garantir os recursos necessários ao funcionamento do círculo, investir no desenvolvimento institucional das iniciativas/organizações que apoiam, ter consciência do seu papel estratégico no campo da filantropia e manter comunicação constante das ações realizadas e dos resultados alcançados.

 

Os principais aspectos das rodas de doação que estão sendo pesquisados ​​são: características gerais e em diferentes países; influência do círculo de doação no comportamento, nas atitudes e no conhecimento dos seus membros; estudo de caso de círculos de doação; dar modelos/estrutura do círculo; impacto dos círculos de doações no cenário filantrópico; relação entre círculos de doação e organizações anfitriãs; e como e por que estabelecer um círculo de doações.