Com o objetivo de promover o desenvolvimento territorial por meio de articulação entre os saberes científicos e tradicionais, a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) pensou o 1 Encontro Internacional de Territórios e Saberes (EITS). O evento, que aconteceu em Paraty entre os dias 09 e 13 de setembro,  reuniu diferentes atores para debater questões relacionadas à justiça climática e socioambiental, comunidades e povos tradicionais e fortalecimento territorial e comunitário.  No dia 11 de setembro, o FunBEA esteve participando da mesa “Financiamento de projetos territorializados: desafios institucionais, políticos e comunitários”, debatendo principalmente os temas de financiamento climático e filantropia comunitária.

Uma das propostas do EITS é trazer as comunidades e povos tradicionais para o centro das discussões climáticas globais, tendo em vista a aproximação da COP 30, que será realizada em 2025, no Pará. Nesse sentido, o FunBEA pensou a mesa sobre financiamento climático considerando a ainda incipiente discussão sobre adaptação climática territorial e local. “Ali estávamos discutindo não a materialidade da atividade dos grupos, mas como fortalecê-los por meio de recursos financeiros e não financeiros. O grande objetivo da mesa foi debater sobre como fortalecer grupos e comunidades tradicionais. E aí, a nossa defesa é: por meio da descentralização de recursos, de recursos chegando na base”, explica Semíramis Biasoli, secretária-executiva do FunBEA que esteve liderando a mesa

Semíramis Biasoli, secretária-executiva do FunBEA
Semíramis Biasoli, secretária-executiva do FunBEA, foi a mediadora de mesa que debateu sobre financiamento climático no 1 Encontro Internacional de Territórios e Saberes. Foto: Verena Hauschild

Isabela Kojin, Coordenadora de Programas do FunBEA, também esteve presente no seminário e escreveu sobre as principais discussões do evento, além de reforçar a necessidade de se investir em financiamento territorial.

“Por fim, há o desafio de fazer uma gestão dos recursos de modo que atendam as necessidades e desejos reais das comunidades. Saber investir no que é prioritário, pode parecer simples, mas não é, sobretudo quanto maior for a carência da comunidade. Tampouco se busca usar o recurso de modo mais estratégico e estruturante – já que um projeto tem prazo de validade e muitas vezes não permite pagar os custos de existência do coletivo ou organização  que representa a comunidade.”
Trecho do artigo de Isabela Kojin. O texto foi publicado no Le Monde Diplomatique Brasil e pode ser acessado na íntegra aqui

O Fundo Brasileiro de Educação Ambiental (FunBEA), esteve no evento representando a Rede Comuá, uma iniciativa que reúne dezoito fundos independentes brasileiros que lutam pela filantropia comunitária no país. Os fundos da rede atuam para apoiar grupos, coletivos, movimentos e organizações da sociedade civil que atuam nos campos da justiça socioambiental, direitos humanos e desenvolvimento comunitário. Para Semíramis, o evento foi bastante relevante no sentido de unificar e mostrar a força desses movimentos. Ela pontua que estavam presentes povos e comunidades de outros de 27 países, o que demonstra a força de articulação do sul global.

Além de mesas de debate, o EITS também contou com oficinas, trocas de experiências, mostras audiovisuais, apresentações de trabalhos acadêmicos e performances artísticas. Foram realizadas 76 atividades organizadas em cinco eixos temáticos: 1) ecologia de saberes para o bem-viver, 2) oceanos e rios – redes de vida e saberes, 3) saúde, resiliência e organização social, 4) educação, cultura e modos de vida, e 5) articulação em redes.

O 1 Encontro Internacional de Territórios e Saberes é uma parceria da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT), o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Estadual Paulista (UNESP). Outros atores envolvidos na construção do evento são a Coordenação Nacional de Comunidades Tradicionais Caiçaras (CNCTC), a Coordenação Nacional de Comunidades Negras e Rurais Quilombolas (CONAQ) e a Comissão Guarani Yvyrupá (CGY). A carta final do evento pode ser lida na íntegra aqui.