Aldeia Rio Bonito, apoiada pelo FunBEA através da “Chamada Pública FunBEA: pela justiça e educação ambiental climática”, fortalece o seu território com ações de TBC
“Pela reeducação, a gente aprende e a gente ensina”. Foi assim que Genilson Karai, jovem indígena e guia turístico da aldeia indígena Rio Bonito, deu as boas vindas aos presentes no evento de lançamento do Turismo de Base Comunitária (TBC) que aconteceu no dia 22 de janeiro, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo. A iniciativa, que contou também com apoio do Instituto Sementes, tem como objetivo fortalecer o reconhecimento da cultura indígena a partir do compartilhamento dos seus modos de vida. A aldeia Rio Bonito é um dos apoiados pela “Chamada Pública FunBEA: pela justiça e educação ambiental climática” e utilizou parte dos recursos financeiros recebidos para oferecer uma refeição na cozinha coletiva a todos os convidados ao final do evento.
Durante o dia, os presentes tiveram a oportunidade de conhecer (e reconhecer) o território indígena Yakã Porã. Genilson Karai, jovem monitor do TBC, apresentou o campo de futebol, o espaço de arco e flecha, a Casa de Reza e outros pontos do território. Segundo o guia, a Casa é o pilar da aldeia: “é nossa espiritualidade que sustenta nossas lutas”, contou. Em seguida, os visitantes conheceram o projeto de reciclagem. De acordo com Genilson, antes os alimentos consumidos na aldeia eram jogados na mata, pois eram todos orgânicos. “Mas, nosso lixo mudou e os plásticos e outros resíduos seguiram sendo jogados. Fizemos então a tradução para a língua Guarani sobre a separação dos resíduos e o ponto de coleta está em funcionamento”, explicou o jovem indígena.
Na sequência, foi apresentada a roça da comunidade. “O plantio é sagrado para gente, plantamos e colhemos em coletividade, a comida é sagrada e vem do plantio. Um filho é o plantio do nosso amor”, contou Genilson. Para encerrar as atividades, uma roda de conversa entre todos os presentes embalada pelo som de um violão e pelo grupo de canto de crianças e jovens. Genilson Karai explicou que o violão foi apresentado aos indígenas pelos jesuítas, para que adorassem ao Deus cristão. “Foi então que nós reinventamos o uso do violão. Tiramos uma corda e mantivemos nossa língua através da música e junto com ela a preservação de nossa história, nossas vivências e nossa educação”, disse.
Segundo Ivanildes Kerexu, liderança na aldeia Rio Bonito, nada do que foi apresentado foi feito exclusivamente para as atividades do Turismo de Base Comunitária. Pelo contrário, o TBC foi pensado para ser o compartilhamento de uma existência já vivenciada diariamente pelos indígenas da aldeia Rio Bonito.
O FunBEA acredita nessas iniciativas realizadas de maneira autônoma, independente e com respeito aos diferentes modos e estilos de vida, por isso, trabalha com seus apoiados a partir dos princípios da Filantropia Comunitária e do apoio de confiança. “O apoio de confiança parte do reconhecimento de que recursos livres, além de escassos, fazem grande diferença para as comunidades alavancarem suas diversas iniciativas e projetos além, claro, da sua própria existência”, explica Semíramis Biasoli, secretária-executiva do FunBEA.
O projeto de TBC da aldeia indígena Rio Bonito contou com o apoio de diversos parceiros. Além do FunBEA, estiveram presentes representantes da Prefeitura, Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba (Fundart), Fundação Florestal, Sesc, IPESA, Icoa, Instituto Sementes, o Coletivo Floresta e Mar (apoiado do FunBEA que atua com os jovens indígenas). Também marcaram presença outras comunidades tradicionais, como o Quilombo do Campinho e a Aldeia Boa Vista, entre vários outros.
Para conhecer mais, acompanhar e participar do Turismo de Base Comunitária na aldeia Rio Bonito, acesse aqui!