Sistema ecológico utiliza bambu ao invés de brita. Foto: Karina Kempter

Neste processo 70% da água que descartamos não se mistura com as fezes e vai para um sistema de jardim filtrante.

A falta de saneamento básico (tratamento de esgoto) representa a principal fonte de poluição dos rios e das praias do litoral norte de São Paulo conforme dados do Comitê de Bacias Hidrográficas da região, que evidencia também o quanto os investimentos se mantiveram aquém da necessidade.

Pensando em alternativas, em um domingo de muito sol e chuva, um grupo de moradores do bairro de Camburí participou da oficina para a construção de uma BET – Bacia de Evapotranspiração, popularmente conhecida como fossa de bananeira, iniciativa de uma parceria entre FunBEA, Rede Brotar e BioCasa Soluções Ecológicas.

No encontro eles aprenderam na prática como funciona este processo ecológico que é utilizado para o tratamento de esgoto, possibilitando uma auto gestão do esgoto gerado. Ao invés de esperar pelo atendimento da rede pública de esgotamento sanitário, o morador pode ter a opção de implantar este modelo em residências ou até mesmo em pousadas.

Para Luan Harder, engenheiro sanitarista e ambiental, da BioCasa Soluções Ecológicas, o modelo padrão utilizado para o tratamento de esgoto (fossa e sumidouro) não funciona na nossa região por conta do lençol freático alto. “Muitos são construídos de forma inadequada , sem impermeabilização. A BET possui uma eficiência de 99%, uma vez que não há efluentes ou seja praticamente todo o esgoto é evapotranspirado pelas bananeiras, já a fossa e sumidouro possuem um eficiência em média de 50 a 60%, uma vez que o esgoto entra em contato direto com o lençol freático antes de finalizar seu tratamento”.

Uma premissa do tratamento de esgoto pela BET, é o princípio de separar a água cinza da água negra, a BET só trata a negra. Na cinza são águas que descartamos pelo uso de pias e ralos (maioria nas residências), já as negras são as que se misturam com as fezes. Este processo otimiza em 70% o descarte de água que ao invés de se misturar com o esgoto “negro” vai ser drenada em um jardim filtrante, que possui a capacidade de retirar os poluentes da água, utilizar como nutrientes e devolver a água totalmente tratada para a atmosfera através da sua transpiração, além de evitar enchentes devido ao processo natural de drenagem.

Por que é importante as ações individuais ganharem escalas?

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Grupo de moradores propondo reflexões e ações visando incidir nas políticas públicas da região. Foto: Karina Kempter

No segundo momento da Oficina, educadoras do FunBEA propuseram mesas de diálogos com o Café Compartilha, visando ampliar o olhar até então trabalhado sobre as questões práticas da BET, para reflexões e ações visando incidir nas políticas públicas da região.

Muitas foram as contribuições para a criação de um plano de ação, entre elas – conhecer os estudos técnicos sobre a situação das águas da região, gerenciamento coletivo da compostagem do bairro, levantar informações referente ao Fundo Municipal de Saneamento que integra o contrato da Prefeitura com a SABESP, aliar conhecimentos agroecológicos e da permacultura no cuidado com as águas, entre outras.

Como desdobramento, o grupo de Camburi propôs se reunir para criar estratégias de constituição de um grupo, que agregue as instituições que atuam no bairro, visando montar um plano para um “Bairro Agroecológico Educador e Sustentável”, com objetivo de fortalecer a Costa Sul e o Litoral Norte como um todo, encontrar caminhos para enfrentar a situação crítica do saneamento, e ir além, buscando novas formas de convivência, que efetivamente criem um bairro agroecológico, educador e sustentável!

Para acessar todas as fotos, vídeos, folder BioCasa, Apresentação sobre Saneamento Ecológico e Relatos do Café Compartilha, acesse aqui!